sábado, 16 de fevereiro de 2013


A mártir, agora, pode ser chamada de serva de Deus; documentos e testemunhos sobre ela serão coletados


               O pedido de abertura do processo de beatificação da menina Benigna Cardoso da Silva, assassinada barbaramente aos 13 anos em 1941, na cidade de Santana do Cariri, foi aceito pelo Vaticano. O anúncio da correspondência, encaminhado à Diocese do Crato, foi feito ontem, pelo bispo diocesano dom Fernando Panico. No decreto da Santa Sé, escrito em latim, se afirma que nada impede a abertura do processo. Agora, segundo o bispo, ela já pode ser invocada como Serva de Deus e poderá ser a primeira santa cearense.


               Imagem de Benigna produzida a partir de retrato da época. Ela foi assassinada aos 13 anos, com golpes de facão, ao defender sua castidade.
Foto: Elizângela Santos


              Nos últimos anos, tem aumentado a quantidade de fiéis nas romarias a Santana do Cariri, cidade natal da menina Benigna. Os restos mortais da mártir foram transferidos do cemitério para a matriz de Nossa Senhora Santana, em maio do ano passado. No dia 24 de outubro, data do assassinato, a cidade de Santana vivenciou a sua maior romaria, com mais de 20 mil pessoas.


               As graças alcançadas, segundo Sandro Cidrão, integrante da comissão que tem realizado os levantamentos sobre a vida de Benigna, se multiplicam. São pessoas de vários estados que chegam a Santana e pagam promessas. Cerca de dez depoimentos de contemporâneos da mártir e mais de 100 testemunhos de graças já foram registrados.


               O chanceler da cúria diocesana, professor Armando Rafael, que vem acompanhando o processo, afirma que o que mais surpreendeu no anúncio foi a rapidez da resposta do Vaticano. Segundo ele, atualmente, são centenas de pedidos em todo o Brasil. "Isso significa que, a partir de agora, a Diocese do Crato pode iniciar oficialmente o processo de beatificação da jovem", diz.


             A Diocese iniciou as pesquisas para abertura do processo de beatificação em 2011, 70 anos depois da morte da mártir. A primeira parte da documentação foi enviada para análise. Até outubro, a expectativa é que a maior parte do levantamento seja encaminhada.


               O levantamento será encaminhado, mediante orientação da Santa Sé, ao postulante da causa. Até o momento, está à frente desse trabalho, sob determinação da Diocese, o monsenhor italiano, Vitaliano Mattioli, designado por dom Fernando Panico.


              O processo, segundo o bispo, consiste em coletar documentos e testemunhos de pessoas que conheceram e conviveram com a jovem. "Temos a oportunidade de colher depoimentos de pessoas vivas, o que já foi iniciado", ressalta.


               O pároco da matriz do município, padre Paulo Lemos, afirma que um dos requisitos que apressou a aceitação do pedido, foi a condição de martírio vivida. A menina Benigna foi morta a golpes de facão por Raul Alves Ribeiro, um jovem da mesma idade que sentiu por ela uma paixão obsessiva e tentou violentá-la.


Trâmites
              Para o processo de beatificação ser concluído, um milagre de Benigna deverá ser comprovado. Então, ela passará a ser chamada de beata ou bem-aventurada.


            Depois disso, começará o processo de canonização - que pode levar décadas - no qual haverá um estudo aprofundado sobre sua vida e outro milagre deverá ser comprovado.

Créditos:
ELIZÂNGELA SANTOS – Repórter 

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