domingo, 8 de julho de 2012

Imprensa Cratense Comemorou Ontem, dia 07 de Julho, 157 Anos de Existência




Foto: sebraepr.com.br
Trazemos a luz da memória o aniversário de 157 anos do nascimento do jornalismo cratense por meio do semanário O Araripe que inaugurou no dia 07 de julho de 1855 a imprensa da cidade do Crato. Gerado e concebido pelo célebre e imortal João Brígido dos Santos que dirigiu com inteligência e criticidade fazendo dele um marco promissor para o alvorecer de expressões literárias e liberais e “destinado a sustentar as idéias livres, proteger a causa da justiça e propugnar pela fiel observância da lei e interesses locais.”

Vale ainda registrar, que João Brígido não apenas inaugurou a imprensa em Crato como também marcou a sua estréia na literatura, escrevendo poesia, apreciações literárias e história regional, sem contar com sua projeção no campo jornalístico (NASCIMENTO, 1998, p. 121).

            As representações no campo político, religioso, econômico e social do jornal O Araripe é fonte inspiradora para muitos pesquisadores atuais que usam seus relatos e abordagens críticas para conhecer e contextualizar temas diversos do período em que ele circulou (1855 a 1865).

Praça Siqueira Campos - Anos Dourados (Crato-CE) Foto: Dihelson Mendonça
Um legado imensurável foi deixado para a posteridade por esse pioneiro do jornalismo cratense. De caráter político liberal O Araripe foi além do marco inicial do jornalismo, foi o mais duradouro entre os que sucederam. O jornal circulava, geralmente aos sábados e sua impressão era feita na Typografia de Monte e Comp., localizada na Rua da Matriz e de propriedade de José do Monte Furtado, dono de engenho ligado ao Partido Liberal e tinha com interessados um grupo de comerciantes e profissionais liberais.

Não por acaso, o jornal O Araripe, do Partido Liberal, publicou, em 1859, uma série de textos intitulada Apontamentos para a história do Cariri, escrita pelo redator do semanário, João Brígido dos Santos. Posteriormente, tais artigos foram reproduzidos em periódicos de Fortaleza e Recife e, por fim, na forma de livro, no ano 1888. (...) O Araripe se representava como órgão progressista e de ideias sãs. No fundo, usava dos mesmos recursos que criticava no rival, por meio da publicação de infindáveis acusações às autoridades do Cariri, na maioria do Partido Conservador. Tais impressos eram, portanto, antes de tudo, espaços para contrapor-se aos inimigos e de disputa pelo poder local (ALEXANDRE, 2010, p.86 e 107).

Entre os muitos bons frutos desse semanário está o valor histórico desta publicação que muito contribui para o conhecimento social, cultural e político do Crato, tornando-se uma fonte preciosa para o estudo da escravidão, do cólera morbo que assolou a região no período de sua circulação dentre outros fatos ocorridos no  contexto da política, religião, educação, economia, cultura e sociedade. Assim, O Araripe além de divulgar as notícias para o Cariri, atuou também como um instrumento de apoio ao fim da escravidão no Ceará.  Lembrando que o seu diretor era membro do Partido Liberal neste estado, o que significava um posicionamento oposto às ideias do Partido Conservador. Além, de dar a luz à imprensa cratense, esse jornal deixou sinais na sociedade que se perpetuaram nas gerações contemporâneas.

Referências Bibliográficas:
ALVES, M. D. Desejos de civilização: representações liberais no jornal O Araripe. 1855-1864. Dissertação de mestrado, UECE, Fortaleza, 2010.
ALEXANDRE, J. F. Quando o “anjo do extermínio” se aproxima de nós: representações sobre o cólera no semanário cratense O Araripe (1855-1864). Dissertação de mestrado, UFPB, João Pessoa, 2010. p.86 e 107.
NASCIMENTO, F. S. Crato: Lampejos políticos e culturais. UFC. 1998. p. 121.



Créditos:  
Marilyn Machado
(Graduada em História pela Universidade Regional do Cariri- URCA e aluna do curso de Pós-Graduação em História Contemporânea da Faculdade de Juazeiro do Norte- FJN.)

Sara Moreira
(Graduada em História pela Universidade Regional do Cariri- URCA e aluna do curso de Pós-Graduação em Geopolítica e História da Faculdade Integrada de Patos- FIP.)
  

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