Foto: sebraepr.com.br |
Trazemos a luz da memória o
aniversário de 157 anos do nascimento do jornalismo cratense por meio do
semanário O Araripe que inaugurou no dia 07 de julho de 1855 a imprensa
da cidade do Crato. Gerado e concebido pelo célebre e imortal João Brígido dos
Santos que dirigiu com inteligência e criticidade fazendo dele um marco
promissor para o alvorecer de expressões literárias e liberais e “destinado a
sustentar as idéias livres, proteger a causa da justiça e propugnar pela fiel
observância da lei e interesses locais.”
Vale ainda registrar, que João
Brígido não apenas inaugurou a imprensa em Crato como também marcou a sua
estréia na literatura, escrevendo poesia, apreciações literárias e história
regional, sem contar com sua projeção no campo jornalístico (NASCIMENTO, 1998,
p. 121).
As representações no campo político, religioso, econômico e social do jornal O
Araripe é fonte inspiradora para muitos pesquisadores atuais que usam seus
relatos e abordagens críticas para conhecer e contextualizar temas diversos do
período em que ele circulou (1855 a 1865).
Praça Siqueira Campos - Anos Dourados (Crato-CE) Foto: Dihelson Mendonça |
Um legado imensurável foi deixado
para a posteridade por esse pioneiro do jornalismo cratense. De caráter político
liberal O Araripe foi além do marco inicial do jornalismo, foi o mais
duradouro entre os que sucederam. O jornal circulava, geralmente aos sábados e
sua impressão era feita na Typografia de Monte e Comp., localizada na
Rua da Matriz e de propriedade de José do Monte Furtado, dono de engenho ligado
ao Partido Liberal e tinha com interessados um grupo de comerciantes e
profissionais liberais.
Não por acaso, o jornal O Araripe, do
Partido Liberal, publicou, em 1859, uma série de textos intitulada Apontamentos
para a história do Cariri, escrita pelo redator do semanário, João Brígido
dos Santos. Posteriormente, tais artigos foram reproduzidos em periódicos de
Fortaleza e Recife e, por fim, na forma de livro, no ano 1888. (...) O
Araripe se representava como órgão progressista e de ideias sãs. No
fundo, usava dos mesmos recursos que criticava no rival, por meio da publicação
de infindáveis acusações às autoridades do Cariri, na maioria do Partido
Conservador. Tais impressos eram, portanto, antes de tudo, espaços para
contrapor-se aos inimigos e de disputa pelo poder local (ALEXANDRE,
2010, p.86 e
107).
Entre os muitos bons frutos desse
semanário está o valor histórico desta publicação que muito contribui para o
conhecimento social, cultural e político do Crato, tornando-se uma fonte
preciosa para o estudo da escravidão, do cólera morbo que assolou a região no
período de sua circulação dentre outros fatos ocorridos no contexto da
política, religião, educação, economia, cultura e sociedade. Assim, O
Araripe além de divulgar as notícias para o Cariri, atuou também como um
instrumento de apoio ao fim da escravidão no Ceará. Lembrando que o seu
diretor era membro do Partido Liberal neste estado, o que significava um
posicionamento oposto às ideias do Partido Conservador. Além, de dar a luz à
imprensa cratense, esse jornal deixou sinais na sociedade que se perpetuaram
nas gerações contemporâneas.
Referências Bibliográficas:
ALVES, M. D. Desejos de civilização:
representações liberais no jornal O Araripe. 1855-1864. Dissertação
de mestrado, UECE, Fortaleza, 2010.
ALEXANDRE, J. F. Quando o “anjo do
extermínio” se aproxima de nós: representações sobre o cólera no semanário
cratense O Araripe (1855-1864). Dissertação de mestrado, UFPB, João
Pessoa, 2010. p.86 e 107.
NASCIMENTO, F. S. Crato: Lampejos políticos e
culturais. UFC. 1998. p. 121.
Créditos:
Marilyn Machado
(Graduada em História pela Universidade Regional
do Cariri- URCA e aluna do curso de Pós-Graduação em História Contemporânea da
Faculdade de Juazeiro do Norte- FJN.)
Sara Moreira
(Graduada em
História pela Universidade Regional do Cariri- URCA e aluna do curso de
Pós-Graduação em Geopolítica e História da Faculdade Integrada de Patos- FIP.)
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